Mas o investigador está convencido que a romaria é ainda mais antiga e terá tido origem num culto pré romano. Uma teoria sustentada nos importantes achados arqueológicos daquela localidade “o povoamento era muito denso e teria que forçosamente haver ali um culto importante, e eu estou convencido que o culto da Sra. da Póvoa era o grande culto do povo Oppidanos, onde toda a comunidade se juntava e eventualmente as comunidades vizinhas, o que ainda hoje se faz, à Sra. da Póvoa continuam a vir pessoas de toda a região”.
Vêm de toda a parte para uma romaria que continua a mobilizar a região, apesar da tentativa no século passado de separar o que era profano do que era religioso “a festa antigamente era de três dias, (domingo, segunda e terça) com bandas de música, fogo-de-artifício e tudo, em 1940, o bispo de então proibiu o arraial e houve um ano que nem se fez a festa, e partir desse ano a festa começou a ser apenas de um dia, a segunda-feira, e foi assim durante muitas décadas, mas aos poucos o arraial voltou a incorporar-se”.
De toda a pesquisa que realizou para escrever o livro, António Cabanas ficou surpreendido sobretudo com o espólio encontrado, pela diversidade, antiguidade e pela história que conta, como os livros de contas que confirmam que foi a romaria da Sra. da Póvoa que sustentou financeiramente o hospital de Penamacor durante mais de um século “foi uma relação muito grande e profícua porque o hospital viveu esse período todo com as receitas que eram geradas na romaria, desde 1835, através de um decreto do governo, até meados do séc. XX”.
Associada à romaria está o cancioneiro que António Cabanas transcreve no livro, como o verso alusivo à meteorologia “esta romaria como é móvel às vezes ainda chove e então pede-se à santa: Nossa Sra. da Póvoa mandai sol que quer chover, que se molham os vestidos à gente que vos vem ver”.
Versos que muitos músicos cantaram como Zeca Afonso ou Tonicha sobre uma romaria que de tão importante “roubou” o nome à aldeia que até 1957 se chamava Vale de Lobo.