“O jardim do paço tem um limite de durabilidade que não será muito longo, a pedra está em deterioração e presumo que não durará mais de uma centena de anos, aquilo que me parece é que ano a ano podem ser feitos negativos de toda a estatuária, reproduções da estatuária, por uma escola de canteiros a fazer uma reprodução científica do jardim, é uma proposta que faço para ser eventualmente agarrada”.
José Afonso deixou ainda um apelo para se retirarem as laranjeiras que ali foram plantadas dando ao jardim a sua forma inicial “é que foi colocada, há muitos anos, uma fiada de laranjeira à frente do pódio que tapa o conjunto de reis da quarta dinastia, eu acho que era do maior interesse o jardim voltar à concepção do nosso primeiro bispo, isto é um apelo”.
José Afonso considera ainda importante que se faça a leitura simbólica do jardim. Um simbolismo que lhe é conferido pelas inúmeras estátuas de granito, de que são exemplo os Novíssimos do Homem, as Quatro Virtudes Cardeais, as Três Virtudes Teologais, os Signos do Zodíaco, as Partes do Mundo, as Quatro Estaçőes do Ano, os Apóstolos ou os reis de Portugal até D. José I “é imprescindível que se faça a leitura do jardim do paço no domínio do simbólico, porque o jardim é essencialmente simbólico e é também no simbólico que ele se associa à fundação da nossa cidade”.
Confrontado pela RCB com os apelos deixados no dia da cidade por José Afonso, o presidente da câmara de Castelo Branco recorda que o jardim foi alvo de uma intervenção recente e que a câmara está atenta à situação do jardim do paço episcopal. Mandado construir por D. João de Mendonça, no início do Séc. XVIII, o jardim fica no entanto a dever ao segundo bispo da diocese de Castelo Branco, D. Vicente Ferrer da Rocha, o estilo barroco que lhe valeu a classificação de monumento nacional em 1910.