Sobre a autora e o evento
Raquel André colecciona coisas raras.
Entre Lisboa, Ponta Delgada, Rio de Janeiro, Loulé, Minde, Paredes de Coura, Sever do Vouga, Ovar, Manaus, Barreiro, Bergen, Stavanger, Oslo, Varzóvia, Cincinnati e Portland já coleccionou 180 amantes (até Setembro 2018), pessoas de todas as nacionalidades, géneros e idades, que aceitaram encontrar-se com ela num apartamento desconhecido para ambos e, em uma hora, construíram uma intimidade ficcionada, capturada pela memória e por fotografias. A cada cidade por onde viaja coleciona mais amantes, o espetáculo vai acumulando os novos encontros. As fotografias e os detalhes destes encontros são o conteúdo do espectáculo, que conta o que esta colecção de relações pode significar.
O que estamos à procura quando encontramos alguém? Na era do e-mail, facebook, instagram, tinder e grinder, tornámo-nos hábeis em ficcionar intimidades. Postamos o que comemos, o que beijamos, onde vamos, o que pensamos e lemos, o que gostamos e não gostamos – tudo traduzido em views, likes e comments.
A colecção de Raquel é o resultado de uma obsessão pelo fascínio dos terabytes de informação que existem no minúsculo movimento do outro. É uma reflexão sobre intimidade que é explorada de um para um e amplificada em palco, tudo real e tudo ficcionado. Cada vez que a porta se abre para um novo amante, Raquel André cai no abismo que é o outro, e ficção e realidade confundem-se. Cada encontro é real. O flirt é real. A intimidade parece ser mais real do que ficcionada. E Raquel, coleccionadora obcecada, guarda cada encontro na sua colecção peculiar, efémera e infinita.
Este trabalho faz parte do seu projecto de Colecção de Pessoas: Colecção de Amantes, Colecção de Coleccionadores, Colecção de Artistas e Colecção de Espectadores.