Mas se a vida de um autarca do interior não é fácil, a de um empresário é ainda mais difícil. António Beites deixou o exemplo das portagens na A23 “é um horror de dinheiro ao fim do ano que fica nas portagens e que, infelizmente, nem sequer é reinvestido na nossa região, porque lá estamos nós a financiar os grandes centros urbanos, onde está a população e onde o poder central tem os votos quando os precisa”.
A desertificação, o envelhecimento e baixa taxa de natalidade são problemas do interior em geral e do concelho de Penamacor de uma forma particular. Manuel Robalo, da Coligação Juntos por Penamacor vaticinou o futuro do concelho “se nada for feito assistiremos à continuada degradação do tecido urbano das diversas localidades e ao desaparecimento das respectivas populações, isto não é uma previsão longínqua, já está a acontecer no concelho, veja-se o decréscimo populacional ocorrido em todas as freguesias, em particular e mais acentuadamente no caso da Bemposta e Aldeia de João Pires”.
Já para a bancada socialista, o poder local é, segundo Guida Leal a forma mais eficaz de cumprir Abril “encarar com espírito de missão o trabalho que os penamacorenses nos confiaram, mesmo e apesar das dificuldades, de todos os cortes, das perdas da receita própria, mesmo e apesar da dívidas herdadas, sem nunca esquecer o legado do 25 de Abril”
Também para José Manuel Cruchinho, da bancada do CDS.PP se fica a dever ao poder local o cumprimento da democracia “vamos continuar a fazer desta autarquia uma força política cada vez mais forte e uma voz activa da população de Penamacor”.
A mensagem central dos discursos das diferentes bancadas da assembleia acabou por ser resumida pelo presidente da mesa, Anselmo Cunha, evocando Fernando Pessoa “numa analogia atrevida e grosseira atrevo-me a evocar o grande Pessoa que vaticinou que se cumpriu o mar, faltando cumprir-se Portugal, neste contexto, pode acrescentar-se aqui que no que toca ao interior falta cumprir-se Abril”.
Também para António José Seguro, que escolheu o dia da liberdade para lançar, na sua terra natal, o seu livro sobre a reforma do parlamento português, no que ao interior diz respeito, falta cumprir Abril “falta sempre cumprir Abril, o nosso país é muito desequilibrado, muito dual, o interior de Portugal é visto por muita gente ainda como um fardo, um problema, quando é uma terra de oportunidades”. Questionado se a Unidade de Missão para a valorização do interior do país, criada pelo governo, vem ajudar a resolver o problema, António José Seguro fugiu das questões de política nacional mas defendeu que “o interior precisa de um olhar que não seja pontual, precisa de um olhar estruturante, sustentável, inclusivamente para o desenvolvimento global do nosso país”.
Foi com uma sala cheia de amigos, familiares e conterrâneos, que António José Seguro lançou o seu livro que teve, em Penamacor, a particularidade de ser apresentado pela sua filha de apenas 13 anos.