“A Covilhã é o concelho da Beira Baixa que tem o maior número de ranchos federados, com um universo de seis, o Fundão tem um federado e alguns em acompanhamento técnico, Castelo Branco tem três e alguns em acompanhamento, a Idanha também tem um grupo federado, provavelmente no universo dos ranchos que existem não chegamos a um terço. O que significa que há muito a fazer na validação do que os grupos fazem”. Um trabalho nem sempre fácil, admite José Luís Adriano “nem sempre nos grupos está presente a obrigação da recolha exigente e cuidada, o meu trabalho é o de os ajudar a ir pelo melhor caminho, o que às vezes significa mudar de caminho, o que por vezes é doloroso”.
José Luís Adriano lamenta que nem sempre os ranchos tenham a preocupação de seguir as orientações da Federação Portuguesa de Folclore no sentido de valorizar os grupos, recriando o mais fielmente possível a música, o traje e a dança da localidade onde estão inseridos, sobretudo numa região como a Beira Baixa, das mais ricas do país em termos de cultura tradicional “e não sou eu que o digo, a Beira Baixa é um dos polos em que a cultura tradicional tem singularidades fantásticas, a sua maior riqueza está ao nível do canto, mas se em alguns locais se canta bem e noutros se dança bem, na Beira Baixa, dizem os investigadores, é onde se canta e dança bem”.
Em entrevista ao programa Flagrante Directo da RCB, José Luís Adriano, também investigador na área da etnografia musical, lamentou ainda a carga depreciativa que se dá à palavra folclore.