Num AVC provocado pela falta de sangue numa região do cérebro (AVC isquémico), devido à obstrução de vasos sanguíneos cerebrais, a viabilidade desses tecidos fica comprometida. Há células do cérebro que morrem e pode haver alterações graves das funções motoras e cognitivas, ou até a morte, do doente.
Geralmente, em resposta a um AVC há um aumento no sangue de células especializadas na formação de novos vasos sanguíneos e na reparação dos vasos danificados no cérebro, mas este processo, por si só, não costuma chegar para o doente recuperar. Por outro lado, as terapias actuais centram-se apenas na reparação neuronal e têm tido uma taxa de sucesso baixa e efeitos secundários graves, refere ainda o comunicado.
Raquel Ferreira pensa que não pode haver uma reparação eficaz do tecido neuronal sem se conseguir reparar os vasos sanguíneos da área lesionada no cérebro. É aqui que entrará o ácido retinóico, tanto para reparar os vasos sanguíneos como para formar novos neurónios, dois aspectos essenciais à recuperação de um AVC.
E agora, a investigadora quer demonstrar que, pela encapsulação do ácido retinóico em nanopartículas, é possível ocorrer esse efeito multi-restaurador dos vasos sanguíneos e dos neurónios. Para tal, pretende testar o efeito terapêutico das nanopartículas nas células especializadas na reparação dos vasos sanguíneos, células essas retiradas de doentes de AVC. “O nosso grupo de investigação já demonstrou que esta nova formulação permite uma entrega eficaz desta molécula, que, de outra forma, apresenta limitações”, diz Raquel Ferreira, citada no comunicado.
Cada uma das premiadas recebeu um cheque de 20 mil euros, destinado à continuação dos seus projectos de investigação. Incluindo já as três distinguidas da edição deste ano, a 11ª, cujo júri foi presidido pelo cientista Alexandre Quintanilha, as Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência apoiaram 34 investigadoras.
RCB / "Público"